Brasília Deserto


Tão cedo e tão seco!
Seca tanto que até sangue sai do nariz,
Seca tanto que as lágrimas salpicam de areia os olhos,
Tanto seca, que seca até o nó da garganta que impede o choro.

Seca que não apenas seca a roupa, estorrica no varal!
Seca assassina do cerrado, que seca a idade sem humildade com a baixa umidade.

Seca que seca a saliva.

Seca que seca o mato que mata a mata, seca as cinzas...

A mesma seca que seca os ipês do cerrado, revela que a seca não mata a vida.

Revelam flores de molhar os olhos se não estivessem secos.
A mesma seca que mata a mata, dá vida ao ciclo.


A seca seca a pele, o chão, o mato, mas não pode secar o sentimento semiárido do cerrado coração.
plic plic plic



(Wandrei Braga)

Comentários

Elaine Pasquim disse…
Ficou maravilhoso esse poema, Wan! Bjs

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