Dedos Falantes




Outro dia ouvi uma expressão extraordinária "Dedos Falantes" acho que foi do ator Jose Wilker em entrevista para o "viva o gordo". Estavam falando sobre o novo comportamento, sobretudo da nova geração, em relação ao uso das novas tecnologias de comunicação tais contidas em aparelhos móveis com acesso a internet. Coisa linda! Se botar reparo no ser humano como ser falante que somos e desesperados para se comunicar que nascemos... concluo que esta tudo indo a favor da natureza Sapiens. Ora, nem saímos da barriga de nossas mães e já estão elas e todos em volta conversando com a gente com aquela voz fina irritante utilizando tudo no diminutivo, neste momento a gente chuta a barriga da mãe e todo mundo fica admirado,  por isso que a gente chora quando nasce, tem que chorar mesmo!!! A próxima referencia é: andou antes de falar ou falou antes de andar, porque se a gente fala antes de andar parece que cai sobre nós a maldição de não andar tão cedo, pra que andar se a gente pode pedir para que tragam pra gente? kkk. Seria um indício do comportamento preguiçoso?  

A gente vai crescendo, falamos errado e todo mundo ri da gente, depois começam as repressões, não pode falar de boca cheia, não grite, não pode falar na hora do jantar, não pode falar na hora do jornal e nem pensar na hora da novela, na hora de assistir filme tem que ficar mudo. Por isso que a gente vai colocando as coisas na boca, a mão, o pé, meleca de nariz, chupeta ao contrario, o controle remoto, o rabo do gato, besouros, formigas e derivados... A gente tem que usar a boca para alguma coisa além de chorar, ora pois... Ah! Também não pode chorar de jeito nenhum... Daí a gente faz o que também não pode, cospe e mostra a língua...
E o tempo passa... 

Quando a gente vai pra escola conhecemos um monte de gente da mesma idade, e quem disse que podemos falar durante a aula, dão pra gente alguns minutos que chamam de recreio, intervalo, etc, que é pra comer alguma coisa, ir no banheiro e falar com os amigos, deu tempo? Claro que não. Chega em casa não pode falar palavrão, não pode responder aos mais velhos, fique quieto pra dormir! Por isso a gente grita, daí não pode gritar com a mãe, não grite com seu tio, para de gritar com o cachorro que ele não é surdo!  

O tempo passa mais um pouco e lá vamos nós pro trabalho, lá temos que seguir etiqueta de comportamento, na pode falar senão atrapalha os colegas a pensarem, não pode falar alto e nem gargalhar porque é falta de modos, de bons modos, no elevador ninguém dá um pio, no banheiro ninguém fala nada principalmente se tiver utilizando a cabine que é pra ninguém saber que vc faz suas "coisas" no banheiro do trabalho kkkk. Te convidam para reunião mas vc só pode falar se autorizado (sabia que se a gente não for chefe  nem todo mundo pode falar em reunião, e principalmente falar o que realmente pensa ou acha). Eu acho uma graça, mas li um dia de um poeta que tinha um amigo que achava e hoje não acha mais esse amigo! Ai o dialogo... Bastam alguns anos de casado que vai chegar em um momento que você vai falar ou vai ouvir: não agüento mais ouvir sua voz!!! Nem vou contar o que dizem para quem fala que na hora H.
A verdade é quem nem todo mundo tem a oportunidade de ser por exemplo um professor, um orador,  palestrante, jornalistas, escritor, Gugu Liberato, Fausto Silva ou político em época de campanha, porque depois que vencem ou perdem, poucos lembram que tem língua ou centenas de milhares de ouvidos querendo ouvir o desenrolar das promessas.... 

Por isso que deu tão certo a invenção de se comunicar indistintamente e livremente, era tudo que a maioria das pessoas queiram. Eu apoio esse momento brilhantemente chamado de "Dedos Falantes" onde todo mundo pode falar com quase todo mundo utilizando seus dedos em teclados mecânicos ou simulados em telas de toque.  Uma das primeiras, senão a primeira, experiência de se trocar mensagens escritas a distancia foi por meio do código Morse, depois inventaram o telefone e foi uma revolução, mas estou pra achar que, com o ressurgimento e aperfeiçoamento do antigo Morse passando pelo BIP, email, SMS, hoje as pessoas estão falando menos e escrevendo mais, principalmente depois que as aplicações desenvolvidas para microcomputadores se adaptaram para dispositivos moveis. A febre dos blogs, redes sociais e aplicativos que permitem troca de mensagens ninguém quer saber de falar mais, quando muito a gente fala em aplicativos que convertem em texto nossas idéias para depois serem utilizados nas redes. Eu acho o máximo porque estamos vivendo um período importante do ressurgimento da escrita, mesmo que digitada. Não sei onde vamos parar... E nem questiono a qualidade do que se escreve por ai, por exemplo, este texto cheio de erros, não vou revisar, senão não publico nunca!  Outro aspecto importante sobre o fenômeno Dedos Falantes são as diversas possibilidades de ilustramos o que escrevemos com fotos, música ou video. O que antes levava um tempo para ser descrito por telefone hoje leva segundos ate que a foto chegue ao seu destino. Do tipo, mãe sua neta nasceu, foto anexo! 
Em todo processo de mudança ganhamos e perdemos. 
Outro dia estava desembarcando e na minha frente havia um casal que encontrou uma conhecida na fila, trocaram algumas palavras e se despediram assim: ...então tchau disse a conhecida ao casal, manda um beijo pra Bruna (supostamente a filha do casal) a mãe da Bruna respondeu: tá, entra no face dela!
Muito doido isso... 

Minha mãe (1959) é uma graça, ela é de uma geração diferente da minha (1979) e pulou um monte de fases, quando eu comecei a utilizar o computador ele era simpaticamente de tela verde, MS-DOS, acompanhei todas as evoluções dos software e hardware ate chegar no revolucionário Windows que vinha com um rato que abria e fuçava nas janelas virtuais, ainda off-Line. O mundo online foi um "bum" possibilitando acessar informações a distancia, bate-papo com o mundo e um mondo novo desfilava de janela em janela na minha frente madrugada a dentro, madrugada porque a conexão era discada e depois da meia-noite o interurbano era mais barato hehehe. Mas mesmo assim, gastei muito dindin real pra viver experiências virtuais.  Minha mãe simplesmente não sabe nada disso e pra ela computador e internet se resumem em facebook, sequer responde ou acessa seu email, Google, etc, fica só no face futricando e compartilhando tudo. Uma graça. Ah, ela também se vira muito bem com mensagens no celular. Ligar pra mim? Quase nunca, mensagens e face, todo dia heheheh. 

Cada um tem o direito de achar o que quiser sobre os Dedos Falantes, sobre o mundo virtual ou sobre a internet, mas é preciso vivenciar, ter domínio das ferramentas e seus potenciais para emitir qualquer parecer contrario aos seus verdadeiros benefícios. A escolha é sua entre querer ou não querer conhecer, mas o mundo está cada vez mais informatizado, digitalizado, eletrizado, dinâmico, acelerado, hiperatico, e cheio telas sensíveis ao toque. 
Modernidade? Futuro? Duas coisas que não dependem da gente para acontecer, elas chegam e passa, ocupam seus lugares e deixa de lado que não seguir junto, é cruel as vezes. Pouco tempo para adaptação, dificuldade para os de mais idade, crianças

já nascem passando o dedo na mamadeira pra acessar o leite achocolatado. 
No meu caso, e de muita gente, Dedos Falantes me aproxima das pessoas que eu amo, dos meus amigos e da minha família que mora longe de mim, economiza tempo e me faz muito mais presente do que se dependesse da minha manifestação falada, e se fazem presente também porque é democrático, organizado, individual ou não, personalizado e podem acreditar, humanizado. As relações por meio de redes sociais muitas vezes são mais humanizadas do que as relações ditas tradicionais, de corpo presente. Há inúmeras vantagens nas comunicada realizadas pelos Dedos Falantes que muitas vezes não acontecem na formato falado. 

Mas é muito importante saber o lugar em nossas vidas nos relacionamentos virtuais, uma coisa não substitui a outra, são complementares e uma qualifica e potencializa a outra, mas é preciso ser nós mesmos e ter controle dessas ferramentas,  importantíssimo atermos no comportamento e segurança no mundo virtual, que ao contrario do que muita gente pensa, é mais real do que imaginamos! 
Enfim, depois de tanto falar com meus dedos, encerro este texto com cãibra neles kkkk
E sabe por que resolvi  escrever sobre Dedos Falantes? 
Porque há um milhão se Olhos Ouvintes por aí... 

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